segunda-feira, 11 de março de 2024

Oscar 2023 - Encerrando ciclos e alimentando a esperança


Um pouco mais cedo, na última noite, estava desanimado em "sintonizar" (no caso, abrir o Streaming da antiga HBO) o Oscar exibido na TNT - os tempos mudaram e, nem sempre, para melhor. Nos últimos anos, tivemos cerimônias longas, enfadonhas, lotadas de liçõezinhas de moral, com pouco espaço para os filmes de fato. Qual não foi minha surpresa quando me peguei sorrindo ao anúncio de Oppenheimer como Melhor Filme, conduzido por um Al Pacino meio alquebrado no palco que apenas anunciou o vencedor.

Me surpreendi com uma edição mais ágil da festa e um senso de justiça na distribuição dos prêmios, além de algumas boas surpresas. Vejamos:

- Oppenheimer foi o melhor filme do ano e certamente mereceu todas as outras categorias que conquistou - pessoalmente, eu gosto muito do Christopher Nolan e adorei seu discurso sóbrio. 

- Os filmes certos saíram com pelo menos um prêmio: American Fiction, Barbie, The Holdovers, Anatomy Of a Fall e Poor Creatures foram laureados. Killers Of The Flower Moon e O Maestro saíram sem prêmios (sem nenhuma surpresa, a meu ver).

- O cinema japonês foi celebrado com as premiações dos filmes O Menino e a Garça e Godzilla Minus One - Sim, um filme do Godzilla finalmente recebeu um Oscar!

- Foi muito legal ver alguns atores na cerimônia: Danny DeVito, Arnold Schwarzenegger (achei ele bem envelhecido), Michael Keaton (e os três tiveram uma divertida interação), Catherine O'Hara (ecos do vindouro Bettlejuice),  Nicolas Cage (sua apresentação do Paul Giamatti foi ótima), Jessica Lange e John Cena.

- Uma boa lembrança na cerimônia sobre o trabalho dos dublês. Apesar do clipe ter sido curto, eu adoro quando o Oscar celebra o mundo do cinema em todas as suas vertentes. Como é bom ver um trechinho de Police Story passando na tela do palco. 

E não posso deixar de comentar, num parágrafo separado, a eletrizante apresentação de Ryan Gosling com a sua música "I'm Just Ken" - possivelmente a melhor apresentação musical que eu já assisti num Oscar. Tudo foi perfeito ali: a atuação e desempenho vocal de Gosling, o figurino, o elenco de dançarinos, a presença do Slash, a interação do intérprete com outros atores e com a câmera - muito marcante e um grande símbolo de uma temporada de filmes marcada por uma vibrante originalidade e um atrofiamento de certas fórmulas bem gastas em Hollywood. Torço para que esta tendência continue.

Mais do que comentar sobre alguns pontos negativos, na verdade me pego pensando sobre o que o ano de 2024 reservará para o cinema e até para as próximas premiações. Realmente, torço para uma temporada de boas surpresas e, especialmente, bons filmes, com aquela, por vezes, antiquada missão, de entreter seu público. É só isso. E, nesse sentido, o Oscar certamente cumpriu sua função. 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Os favoritos de 2023



Há algo um tanto quanto retrógrado em falar sobre os favoritos de 2023 num dos primeiros dias do novo ano, mas eu preciso registrar por aqui, pois este blog, além da "nobre" missão de registrar algumas críticas, no máximo razoáveis, serve também como um depositório de momentos e um memorial das obras em meu radar ao longo do ano. É curioso abri, por exemplo, as 49 postagens feitas em 2013 e verificar a resenha de alguns filmes (os quais eu não me lembro, hoje em dia, de nada a respeito) e lembrar do momento da vida o qual estava passando. Gostaria de voltar neste blog mais vezes durante 2024 e, incansavelmente e sem nenhuma vergonha de admitir os fracasso anteriores, eu tentarei. 

O primeiro álbum ouvido durante o ano foi justamente o disco do ano: Gaz Coombes - Turn The Car Around. Para mim, foi o disco que me levou para tempos que vivi e tempos onde eu gostaria de viver - um disco tão especial que minha irmã me presenteou com ele. A música do ano também sai deste disco - "Don't Say It's Over" - uma linda balada. 

Parando para pensar, tiveram outros grandes discos em 2023: Gates Of Europe, da banda Rome ficou em alta rotação, apesar de já ter ouvido discos melhores deste projeto neofolk; Foo Fighters lançou o melhor disco da carreira, com algumas letras realmente dilacerantes; The Hives deu aquela injeção de rock que eu preciso em muitos momentos; Metallica soltou um disco potente, o melhor deles dos últimos anos; Human Tetris mexeu com meus instintos post-punk (apesar de ser um trabalho tão curtinho). Definitivamente, não foi um ano recheado de novidades, mas é possível sentir o padrão musical dele.

No meu mundo de leituras, houve uma bela quantidade de livros e páginas - pouco mais de 100 livros e cerca de vinte mil páginas). Li autores clássicos como Victor Hugo (O Último Dia de um condenado), Edgar Alan Poe (Coletânea de Contos), Herman Hesse (São Francisco de Assis), George Orwell (1984),  Tolstoi (Padre Sérgio) e Jack London (Por Um Bife) - todas leituras maravilhosas. Além disso, também me deleitei com Butchers Crossing de John Willians (que virou filme com Nicolas Cage, ainda a ser conferido), O Cão de Terracota e O Medo de Montalbano, do favorito particular Andrea Camilleri, 83/92 - Um Álbum Italiando de Fabio Massari (já li quase tudo que o "Reverendo" já publicou), Bobby Gould, O Leão de chácara do saudoso Anthony Bourdain e Febre de Bola, de Nick Hornby (talvez, minha leitura favorita do ano). 

Por fim, vamos falar de cinema! Parando para pensar, definitivamente não acompanhei tantos filmes quanto poderia no ano de 2023, especialmente se pensar em lançamentos, mas certamente eu voltei a acessar minha filmoteca com um pouco mais de frequência. Fiz a dobradinha Barbie/Oppenheimer nos cinemas e não me arrependi nem por um segundo: dois excelentes filmes que marcarão presença no Oscar e simbolizaram, ao mundo do cinema, o poder de não se restringir a fórmulas (olá, filmes da Marvel) e da boa história. John Wick 4 também explodiu minha cabeça - uma sessão excitante e inesquecível, um lembrete de como filmes de ação conseguem me tornar, por algumas horas, aquela criança que se apaixonou por cinema por causa dos filmes de ação. A Baleia foi o filme que mais mexeu comigo, o grande drama do ano (visto duas vezes no cinema) - atuação inesquecível de Brendan Fraser e mais um filme especial na filmografia de Aronofsky (um dos meus diretores favoritos da atualidade). Assassino da Lua das Flores, apesar da duração ser um pouco além da conta, foi mais um Scorsese assistido na telona e um filme cheio de vigor com uma trama impressionante e bem chocante. A Filha do Rei do Pântano, um thriller bem discreto, mas super redondo, que ficou uma semana em cartaz e contou com uma sessão onde estava eu e mais uns dois casais espalhados pela sala de cinema - uma experiência imersiva e terapêutica de cinema. Esquema de Risco, provavelmente o filme que mais me divertiu no ano - Guy Ritchie voltou a fazer o tipo de filme que me fez amar o estilo dele - elenco mega afiado e alguns atores surpreendendo muito (quem diria que Josh Hartnett estaria em dois dos meus filmes favoritos do ano: este e Oppenheimer). Alerta Máximo, surpreendente filme de ação do Gerard Butler, também para quem curte aqueles filmes mais das antigas de ação, sem muita firula, direto ao ponto, bem maniqueísta - entretenimento de primeira. Possivelmente uma opinião polêmica, mas adorei O Exorcista do Papa, com Russel Crowe - adoro a temática, acho o padre Gabrielle Amorth uma personalidade bem interessante e Crowe acertou em cheio, não levando muito a sério o filme, mas ainda sendo bem carismático - um filme divertido e bobinho (muito melhor que a continuação asquerosa da série Exorcista). 

E essa foi a safra de 2023. Olhando retrospectivamente, foi um ótimo ano. E, como um otimista incorrigível, acredito que 2024 será ainda melhor, sob todos os prismas possíveis. 

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Os Mercenários 4 (Expend4bles, 2023)



Após um terceiro filme cheio de bobagens e desperdícios, a franquia "Os Mercenários" retorna após quase dez anos, com um novo capítulo na saga de Barney Ross (Sylvester Stallone) e Christmas (Jason Stathan), com mais uma missão para seu grupo. Da equipe original, restam apenas Gunner (Dolph Lundgren) e Toll Road (Randy Couture). 

O filme, de maneira até esperta, não busca explicar ou referenciar muitas coisas dos episódios pregressos, como uma forma de buscar um público ainda não familiarizado com os personagens. Talvez, aí resida o maior problema deste quarto capítulo: a franquia d'Os Mercenários parece sempre sofrer com a indefinição entre abraçar de vez o público carente de filmes de ação "descerebrados" (que tornou o primeiro filme num bom sucesso) ou tentar atrair um público mais amplo. 

O terceiro filme da série representou muito bem essa indefinição, ao encherem de caras conhecidas e saudosas (Wesley Snipes, Mel Gibson, entre outros) mas tornarem as cenas de ação completamente aguadas e sem qualquer violência ou sandice - sempre um tempero essencial na diversão para esses tipos de filmes. Este quarto capítulo chegou ao ponto de ter um trailer divulgado referindo que "os fãs foram ouvidos" e o filme teria mais sangues e tripas.

De fato, Os Mercenários 4 supre essa lacuna. Contudo, peca em vários outros pontos. A comédia funciona em muitos momentos, mas fica excessiva em algumas situações (e até constrangedora em algumas cenas). Além disso, a Megan Fox não convence, de maneira alguma, como uma Mercenária "badass" capaz de dar porrada em todo mundo (especialmente com o mal disfarçado uso de dublês em suas cenas); porque não chamaram a Gina Carano, para este papel - até parece que não sabemos a resposta desta pergunta...


Outros acréscimos ao elenco foram muito bem vindos: 50 Cent está divertido (apesar de também não convencer tanto como brutamontes), Tony 'Ong Bak' Jaa, Iko 'The Raid' Uwais (que não tem muito com o que trabalhar como vilão, mas ainda consegue ser ameaçador) e Jacob Scipio (não conhecia esse moço, mas o achei divertidíssimo). E, claro, Andy Garcia, que está canastrão para cacete, mas ainda assim é bacana vê-lo numa tela de cinema depois de tantos anos.

Um ponto de destaque de Os Mercenários 4 é a economia de cenários e a atenção em concentrar o filme com o máximo de cenas de ação possíveis. Devo dizer, porém, que nem todas as coreografias funcionam muito bem, o que francamente é uma pena, considerando todos os grandes nomes envolvidos. Sem falar que o ato final é completamente inverossímil, especialmente se racionalizarmos o plano do vilão - francamente, três pessoas para escreverem um roteiro tão frágil chega a ser bisonho.

E apesar de todas essas críticas, ainda vos digo que me diverti com o filme, especialmente por fugir do padrão aguado de tantos "blockbusters" atuais. Infelizmente, os resultados da bilheteria mostram que é bem difícil termos uma quinta parte nos cinemas (talvez como lançamento direto em "streaming", com um elenco de atores mais modestos, etc). De uma certa forma, considerando o produto final, talvez não seja tão ruim um quinto filme com orçamento menor, mais efeitos práticos e com caras conhecidas no cinema B de ação - na realidade, acho que é o único caminho para salvar a série. O que quer que seja feito, provavelmente eu darei um conferida.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Pôster: Hidden Strike (2023)


2023 vem se mostrando como um grande ano para os filmes de ação (algo muito bem observado pelo amigo blogueiro
Ronald Perrone). E aos fãs deste gênero que consomem algo além dos blockbusters, um filme reunindo John Cena (que aos poucos vem melhorando, tanto nos projetos escolhidos quanto nas atuações) e o lendário Jackie Chan só pode causar uma inquietude que beira a excitação. O trailer é divertido e Jackie Chan raramente decepciona. Logo logo, teremos um textinho por aqui.